Brunhoso
Brunhoso em 1908
Origem do nome Brunhoso
Brunhoso, os
tempos, a terra e as gentes
Localização
Fotografia por satélite
Quadras sobre
Brunhoso
Poemas
ao Rio Sabor
Poema "Meu
Rio Sabor"
Fotografias do Sabor

Tradições
da Páscoa
Tradições de
Natal
A matança do
porco
Alheiras
Rascas
Casamentos do
Caneiro
A cultura do
linho
A
segada

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Dantes era assim...

O Mundo actual e a vida em Brunhoso, em particular, como hoje
a conhecemos, nada tem a ver com a de tempos relativamente recentes.
Algumas pessoas de Brunhoso podem testemunhá-lo. Até meados do
século passado as aldeias eram comunidades quase auto-suficientes,
fechadas e com uma mobilidade social reduzida.
As necessidades das pessoas eram muito elementares e a arte e
o engenho eram suficientes para lhes dar resposta. A agricultura, a
pecuária e a indústria, caseira e artesanal, forneciam quase tudo:
alimentação, vestuário, calçado, iluminação e combustível.
A venda do cereal, cortiça, amêndoa e azeite fazia entrar na
aldeia o dinheiro que, pela prestação de serviços, iria parar também
aos bolsos dos que nada tinham para vender. Esse dinheiro era à
justa para fazer face às necessidades indispensáveis e aos luxos.
Os bens essenciais, indispensáveis, que não podiam ser
produzidos em Brunhoso eram apenas: o sal, os fósforos, as linhas
para coser, os botões, os pratos e as panelas. Algumas ferramentas
como foices, gadanhas, calagouças, relhas para as charruas, telhas e
algumas matérias primas para os ferreiros e sapateiros completavam a
lista das importações..
Os luxos eram: o bacalhau e o polvo (curados), as sardinhas,
o arroz (só para as festas), o açúcar (só para os mais abonados) e,
de vez em quando, a carne de vitela para variar a alimentação. Tudo
o resto era produzido na aldeia ou então, perfeitamente dispensável.
A alimentação seria talvez algo deficitária em proteínas mas os seus
efeitos negativos para a saúde talvez não fossem maiores que os
derivados da actual situação de abundância.
Os materiais de construção eram a pedra, a madeira e o barro.
Até mesmo as cantarias, os próprios lavradores iam buscá-las a
Terras de Miranda.
Os cuidados com a saúde só excepcionalmente, em casos
extremos, iam além das mezinhas caseiras e da consulta ao barbeiro.
Se alguém tivesse uma dor de dentes, além de esperar que
passasse, o único conselho recebido era: - Vai ao Crasto. O Crasto
era o cemitério dos animais onde, certamente, haveria muitos dentes.
Este relato pretende ser um levantamento das condições de
vida de há pouco tempo. Além do testemunho de algumas pessoas,
servi-me também de um pouco de dedução mas penso que não andarei
longe da verdade.
Fotografia e texto
de José Magalhães
19-12-2005 |