

A matraca era um objecto que se utilizada nos dias anteriores à
Páscoa (de quinta a Domingo) para substituir o sino. Em sinal de
luto, o sino não tocava e os imagens eram tapadas com panos de cor
roxa.
A matraca era tocada pelas ruas da aldeia pelo sacristão (e por algumas crianças
que lhe achavam piada), chamava as pessoas para a igreja para os
rituais da Páscoa.
Na igreja de Brunhoso existiam duas Matracas. Foi possível encontrar
uma para fazer esta fotografia.
Encomendação das Almas

Nas
sextas feiras de Quaresma à noite, um grupo de pessoas encapotadas,
em sigilo, fazia um cortejo à volta da aldeia e, em alguns pontos,
cantavam:
À
porta das almas santas
Bate
Deus a toda a hora.
As
almas lhe responderam
Meu
Deus que quereis agora?
Quero
que deixeis o mundo
E
venhais p'ra glória,
P'ra
companhia dos anjos
E da
Virgem piedosa.
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*

Como se fazem os folares?
Começa por se fazer o fermento da massa (no dia
anterior).
Depois deita-se a farinha na masseira.
Junta-se-lhe o fermento, uma pinguinha de água e fermento inglês.
Desfaz-se o fermento na massa e vão-se juntando os ovos mornos. Os
ovos são partidos para um tacho e são aquecidos com água quente. O
azeite também é quente com um bocadinho de manteiga.
Amassa-se a massa que fica a “dormir” na
masseira. Depois de lêveda, a massa é dividida pelas assadeiras
sendo-lhe misturada a carne. Repousa de novo.

Antes de irem ao forno, os folares são
“burnidos” com gema ovo batido, para ficarem com melhor aspecto
depois de cozidos.
Variedade de carnes: chouriço, salpicão,
toucinho.
O forno aquece-se de preferência com lenha de
estevas e carrasco. Utiliza-se um “ranhadouro” para distribuir as
brasas de forma que o forno fique uniformemente aquecido. Para
verificar se está bom, introduz-se uma folha de papel lá dentro que
se deve consumir sem fazer chama.

*Com a colaboração da Sr.ª Maria Marcos
O
Serrar da Velha
Esta
tradição, efectuada na época da Quaresma, à noite, destina-se às
pessoas que foram avós pela primeira vez nesse ano. Cantam-se
algumas quadras, em tom satírico, e, num pau de cortiça simula-se o
som de uma serra.
A mocidade munida
de um serrote percorria a aldeia, e, onde houvesse uma avô parava e
dedicava-lhe uns versos nada agradáveis. A maior parte das avós não
apreciava muito este costume pelo que a rapaziada não se encostava
muito à janela com medo de ser presenteado com alguma coisa que elas
tinham sempre à mão. As mais idosas não ligavam muito a este ritual,
e até gostavam, mas, com as mais novas, pessoas com cerca de 40 anos
que já eram avós e passarem a ser serradas como velhas era muito
complicado.
Uma das quadras usadas é esta:
ESTAMOS NO MEIO DA QUARESMA
SEM PROVAR O BACALHAU
VAMOS SERRAR NESTA VELHA
COMO QUEM SERRA NUM PAU
Enviada por:
Francisco Magalhães
As súplicas
eram doces finos, feitos, quase exclusivamente, na Páscoa, na Festa
e nalguns casamentos e baptizados. As doceiras ambulantes que
apareciam nas festas também os traziam. Eram muito apreciado e nem
toda a gente se atrevia a fazê-los porque só os ingredientes não
faziam milagres, era preciso ter dedo. A minha tia Carmelinda, que
me deu esta receita e os fazia muito bem é que me deu todas estas
dicas.
Aqui ficam os ingredientes para meia receita de súplicas:
- 9 ovos
- 1/2 kg de açúcar
- 1/2 kg de farinha de trigo
Enviada por:
José Magalhães
17-12-2005 |