Início | Notícias | Fotos | Brunhoso | Tradições | Artesanato | L. de visitas | Fórum Blog | Ligações  

Brunhoso
Brunhoso em 1908
Origem do nome Brunhoso
Localização
Fotografia por satélite
Quadras sobre Brunhoso

Poemas ao Rio Sabor
Poema "Meu Rio Sabor"
Fotografias do Sabor

Tradições da Páscoa
Tradições de Natal

A matança do porco
Alheiras
Rascas
Casamentos do Caneiro
A cultura do linho
A segada

Os tempos, a terra e as gentes


Nesta gesta não entram poetas, nem prelados, nem façanhudos militares. É uma aventura de cavadores e guardadores de ovelhas.

Nascemos no Cabeço do Crasto, onde erguemos choça e valado escorraçados por sanguinários vândalos, celtas ou mouros.

Timidamente, fomos descendo à Canadinha e ao Fundão. Não faltavam bolotas de sobreiro e carrasco. Nas embelgas mais frescas semeámos o linho. Montámos oficina de oleiro e instalámos rudimentar tear. Deixámos de ser horda. Largámos lanças, azagaias e fueiros e pegámos no sarrão e no cajado.

Logo descobrimos que a terra era boa e fomos plantando oliveiras nas abrigadas das ribeiras.

Montámos no ribeiro do Fundão um rudimentar engenho para extracção do azeite, e logo lhe chamámos ribeira da Lagariça.

Arroteando leiras, desbravando, arrancando touças de carrascos e estevas conquistámos algumas jeiras de terra para semear centeio e cevada. Primeiro no Zimbro mas logo chegámos à Lameira e Avessadas.

Cada vez mais afoitos, plantámos hortas no Caneiro, no Pereiro, na Faceira e nos Olmos. E, como os tempos iam de calmia, construímos casa de pedra e colmo. Primeiro no Fundão, depois no Solheiro e Fontainha. Abandonámos de vez o Cabeço do Crasto com poucos trastes e algumas cabeçadas de gado.

Sempre ao correr das ribeiras, enterrando estacas, enxertando zambulhos que cresciam a ermo, e plantando aqui e ali uma latada de parreiras, chegámos ao rio.

Já não havia terra junto às ribeiras e começámos a surribar as encostas. A roubar terra às fragas, a arrancar touças, a construir safardas e a abrir carreirões. Sacralizámos a ladeira.

Sem grandes conflitos assentámos as extremas dos nossos baldios com Remondes e Paradela.

Do lado nascente havia bons pastos. Arrancámos carvalheiras e freixos e semeámos trigo. Chegámos a Milhares e à Azenia e aí enterrámos marcos e marras.

Tomámo-nos do sentir pátrio e combatemos e morremos nas guerras.

Com impostos, fintas, jugadas e congruas contribuímos para o fausto da Corte e para a sustentação do clero.

Encomendámo-nos a S. Lourenço e dedicámos-lhe a igreja. Erigimos Irmandades e Confrarias e levantámos capelas a Santa Bárbara e à Senhora das Dores.

Amerceou-se da nossa ignorância o poder e dotou-nos de posto escolar em 1873. Direito a fontanário e a estrada só há bem pouco tempo nos foi reconhecido.

Aqui apenas foi gerada gente humilde, que lavrou a terra, ordenhou ovelhas, teceu o linho, limpou oliveiras e ensinou os filhos a rezar. Mas, foi também com gente que aqui nasceu, que foram construídas auto estradas e arranha céus em França e Espanha, que foi extraído minério nas  Astúrias, que foi desbravada floresta nas Áfricas e se comerciou no Brasil.

E é gente aqui nascida que moureja ainda hoje por esse Portugal todo, roída de vontade de regressar de vez.

Honra às gentes de Brunhoso.

Texto de Francisco Ribeiro
Fotofrafias de Xo_oX
27-07-2006

Home | Topo |

 

Xo_oX