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Barbeiro

Máquina
usada pelo Sr. Manuel Gonçalves
Até meados do século passado, cada aldeia era, praticamente,
auto-suficiente. Agricultores e artesãos garantiam a satisfação de
quase todas as necessidades. As coisas já não são assim. A alteração
do modo de vida implicou acabar com algumas profissões tradicionais.
Foi o caso dos barbeiros.
A própria designação – barbeiro – tinha a ver com a sua
função predominante - fazer a barba. Hoje, cada um faz a sua e os
barbeiros passaram a ocupar-se, principalmente, dos cabelos. Mas o
papel do barbeiro, em Brunhoso, não acabava aqui. Ele era uma das
figuras preponderantes da aldeia. A troco de uma avença de um
alqueire de pão por ano, por cabeça, além de cortar o cabelo e fazer
a barba, dava as injecções, tratava dos desmanchados, fazia os
tratamentos e curativos, dava conselhos sobre mezinhas e tinha
sempre opinião formada sobre todas as maleitas. Era uma figura
respeitada e carismática e as suas opiniões eram lei em todas as
matérias.
Chegar, sentar-se imóvel na cadeira e entregar-se nas mão de
uma pessoa tão importante era um acto solene. O corte era sempre uma
perfeição e, com sorte, o barbeiro até nos perguntava se queríamos
que nos deixasse marrafa. Claro que à saída tínhamos, forçosamente,
de ouvir a boca do costume:
- Quem te tosquiou que nem orelhas te deixou?
O Sr Alfredo e o Sr Manuel Gonçalves foram os últimos
barbeiros da velha guarda. A ajudá-los tinham sempre alguns
aprendizes que iam dando os primeiros passos na profissão.
Hoje já não barbeiros em Brunhoso. Sinais dos tempos e da
desertificação.
Enviado por José Magalhães
18/12/2005 |