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II Passeio Pedestre - Rio Sabor/Cachão

Exposição de fotografias do passeio
Cartaz

Prospecto - Interior
Prospecto - Exterior
Gráfico com a altimetria do percurso
Mapa com o percurso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No dia 7 de Abril decorreu o II Passeio Pedestre em Terras de Brunhoso. II se tivermos em conta os objectivos e a abrangência pretendidas, mas o quinto resultante da iniciativa dos dinâmicos (e sempre prontos para um são convívio), participantes e visitantes desta página web.

O "ponto alto" do passeio é também o ponto mais distante da aldeia e um dos mais belos e agrestes locais da folha de Brunhoso. No Cachão, o Rio Sabor tem gravado milénios de luta, na sua ânsia de chagar ao Douro, rasgando gargantas, polindo o xisto, anormalmente rijo neste local. Separam o Cachão de Brunhoso quase sete quilómetros de caminho (por vezes sinuoso), ladeado por mantos de estevas floridas, rasgados por verdes sobreiros, até à Ribeira da Lagariça, à esquerda ou à Ribeira de Juncaínhos, à direita. Passeando os olhos mais longe, “vê-se daqui meio mundo”, tal como nos conta o o ti João no belo texto que ilustra o prospecto que serviu de guia do passeio.

A adesão da população é sempre uma incógnita. A incentivar as pessoas que se esforçam para que tudo corra tem, estava a participação confirmada de mais de duas dezenas de pessoas, no fórum da página.

Não estava no programa, mas, a Junta de Freguesia, decidiu oferecer aos participantes o mata-bicho. Pouco antes das nove horas começaram a chegar, ainda arrepiados da noite fria. Entre umas dentadas no tradicional folar, presunto, chouriço, queijo e um delicioso pão ainda a fumegar, escorregavam conversas e boa disposição que se mantiveram até final do passeio.

A meio da mesa encontrava-se uma garrafa de água(ardente) para matar o bicho, ou o catarro de algum fumador de charuto, ou alfacinha mais afoito.

Estudou-se o percurso no prospecto; distribuíram-se alguns postais da Fraga do Poio que ainda sobraram do Verão passado; apertaram-se as botas e ligaram-se as máquinas que haveriam de registar (para mais tarde recordar), muitos dos momentos em que várias gerações de brunhosenses, residentes e na diáspora, se encontram para descer ao Rio pelo prazer, mais nada.

A primeira fotografia do grupo, fez-se no Cabecinho (já livre dos cheiros de antigamente). A partir dali, foram tidos como pontos de referência, os marcados no prospecto, mas, os mais conhecedores, não se esquivaram a mostrar com orgulho, pedaços da sua terra a outros brulhosenses com sotaque do outro lado do Atlântico.

Entre a Lenda de Tecedeira (que já não mija), e canto do cuco e da poupa (que às vezes cheira como uma boubilha), chegámos à Fonte da Dona. O percurso que se seguiu, em terreno mais agreste, foi mostrando pedaços do rio, selvagem, ainda forte, para montante e para jusante. Já brilhavam lá ao fundo, as fragas, lisas, desgastadas no tempo, a que chamamos Cachão.

Depois de chegarmos ao rio, caminhamos um pouco para jusante de encontro à foz da Ribeira da Larariça. Aqui é lei da natureza quem manda. Grandes blocos de pedra são talhados pela carícia das águas. Entre observações de espanto, saltou-se de rocha em rocha dizendo: - Olha mais esta! Esta ainda é maior!

Começaram a chegar os “carros de apoio”, já passava do meio-dia. “Montámos acampamento” na margem do rio num espaçoso campo de relva.

Os quilómetros (mesmo a descer) tinham picado a foice. Juntou-se um grupo maior em volta de toalhas repletas de comida, que ia do mais elaborado bacalhau ao mais picante (e ácido) tomate ou vagem conservados no vinagre.

Provámos os vinhos. O de Brunhoso não se envergonhou de outros concorrentes de maior fama. Cristalino, quase rosé, combinava bem com o folar com carne gorda, como era tradição.

Estava na hora de voltar. O céu escureceu e atroou um pouco. Houve quem interpretasse estes sons como protesto (ou lamento), por aquilo que alguns pretendem fazer ao rio, mas as ideias tristes morreram quando subimos até ao Picão.

À nossa frente surgiu, mágico, o Sabor, deslizando, bem mais calmo, na Barca. Esta visão é inesquecível. O monte Santo Cristo, na freguesia de Castro Vicente, debruça-se sobre o rio, imponente, fazendo com que uma canoa que descia a açude parecesse um pequeno ponto num universo de beleza. Mais uma vez olhámos o Cachão. Foi uma despedida, depois da Fonte do Buraco é quase impossível vê-lo. Para alguns, fui uma despedida para sempre, para outros, quem sabe?

Parámos de novo na Fonte de Juncais. A água fresca (que fumega de Inverno!), jorra abundantemente, escorrendo caminho abaixo. As hortas, lavradas, preparam-se para serem ocupadas, mostrando a sua fertilidade em marmeleiros, malapas e pereiras em flor.

Partimos, assustados pelo atroar, em direcção a Brunhoso. Quando atingimos as primeiras casas da aldeia, grossas gotas desprendiam-se dos céus. Já abrigados e contentes, olhámos as fotografias e discutimos projectos futuros. Esta é também uma forma de sentir Brunhoso, vivo, natural, humano, que queremos continuar a viver.

Texto e Fotografias: Xo_oX
08 de Abril de 2007

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Xo_oX